quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Camarada

Estávamos separados por um bar.
A porta do meu sempre abrindo, com pessoas bêbadas e barulhentas.
O dela fechado, com rostos firmes, pernas cruzadas e gargalhadas abafadas.
Bati no cotovelo do camarada, "me passa a garrafa".
"De nada adianta, se é pra coragem"
Eu podia levar um soco, ou sair, "nada de coragem. Pra parar o tempo".
Ele mostrou cortesia nos olhos. No verbo, foi mais ríspido.
"Você está sozinho, camarada".
Peguei o trem, fui até outro estado. Cheguei perto da fronteira.
Voltei e sentei. "Ainda só?".
"Você também tem que aprender a crescer".
Passei a garrafa, com copo sujo e má vontade.
Peguei a estrada, deixei casa, prole e farsa.
Rezei pro meu senhor, que não vive mais aqui.
Não havia notado o quando estávamos bêbados.
Planejamos sequestrar, cada qual a sua quem.
Eu havia armado a fulga, ele a entrada.
Chutamos e gritamos, mas quem já tinha ido.

Lição dada, mas o aprendizado fica pra depois.

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