quinta-feira, 29 de maio de 2008

Morno

A angústia de não ter vivido a história.
A angústia de nunca ter possuído um feudo,
De nunca ter conhecido um Czar, nem nunca ter chorado nas cinzas de Roma.
Não vi irmãos e amadas serem queimados na fogueira,
Não conheci Pedro, nem mesmo depois de negá-Lo por três vezes.
Não participei da primavera de Paris, e não me deixaram ir na China Maoista.
Deveria ter conhecido os tuberculosos dos botecos brasileiros.
Errados de nascença, e corretos na existência.
Tempos bons que não vivi, e que me deixam saudade...

Já o que eu conheço, não sei descrever.
O que eu vivo, não me passa ansiedade.
Parece que minha paixão estancou e parou.
Não existe romance, muito menos intensidade.
Caos. Essa é a única verdade e o único prazer na minha existência.
Brindo, com sangue em taças de cristal, pelo Caos.
E que, a partir das minhas ruínas, se construa uma ponte.
Que leve até teus filhos e netos a paixão.